Análise: Resident Evil Remake

Alguns jogos nós não conseguimos extorquir de nossa mente, em contrapartida de serem tão bons, seja a mecânica, o enredo, o gênero ou qualquer outra coisa. De algum modo, você não vai esquecê-lo. Quem já jogou o Resident Evil Remake deve entender o que estou falando. Dentre muitos remakes que existem – bons ou não −, o feito para Resident Evil, em especial, para a nossa querida Mansão Spencer, merece tanto mérito que eu poderia construir um livro de teses somente o elogiando. Sabe a sensação de tocar o controle e jogar o Remake? É quase impossível expressar.

Detalhes fervorosamente remasterizados, reconstruídos e reformulados

Remasterizações são bem mais simples de fazer porque é tratada apenas a parte gráfica do jogo. Quando falamos de um “remake”, é outra coisa. Além de mexer com a parte gráfica, o jogo sofre alterações nos eventos e em alguns aspectos do enredo. Quando falamos de uma série que já estava num nível avançado, fica ainda mais difícil pensar como um remake poderia encaixar-se nesse âmbito. A CAPCOM, porém, acertou em cheio. Além de melhorar algumas explicações dadas no primeiro Resident Evil, a empresa ainda trouxe elementos que farão qualquer fã da Mansão enlouquecer a cada cenário, seja pela parte gráfica, seja pelas “surpresinhas” que o aguardam. De fato, o Remake é um jogo que ninguém poderia perder, a qualquer custo.


Pontos positivos

1.1 Enredo

Remakes são responsáveis por mudar alguns aspectos da trama original, seja para melhor ou para pior. No quesito enredo, o título dá um show à parte em termos de novidades, incluindo até mesmo personagens novos e um ícone bastante interessante – Lisa Trevor. Mantendo a estrutura básica do primeiro título da franquia, o Remake inclui novidade em praticamente todos os locais, seja pela mudança de puzzles, seja pelo reagrupamento de itens. O título ainda conta com novos cenários que vão além da Mansão, Jardim, Caverna e Laboratório. A presença de uma porta extra que dá acesso à casa dos Trevors, além de um andar mais subterrâneo para a caverna. Alie tudo isso a sensação de que você já passou por ali – caso tenha jogado o primeiro Resident Evil – e que, aparentemente, nada é o que você acha ser. Para quem sempre quis utilizar o elevador da caverna, essa possibilidade agora existe. Para quem achou que Kenneth já estava morto, é melhor tomar cuidado da próxima vez.

1.2 Mecânica


Mantendo o fiel sistema de câmera rotativa em 180° dos primeiros Resident Evil – embora a aproximação maior em comparação a eles −, o título reúne uma experiência moderna e clássica em tempo real. O inventário está bonito e segue a mesma mecânica presente nos primeiros, necessitando pausar o game para poder ajustar as coisas. O baú ainda permanece em seus respectivos locais, com algumas adesões. Uma das grandes novidades, os Crimson Heads – mortos-vivos que passaram por um processo de mutação a partir de fontes externas, onde o corpo passa por séries de reações. O metabolismo torna-se mais rápido e, com efeito, ganha uma força muito mais atemorizante  −, traz de volta a sensação de que mortos-vivos podem ser bem mais assustadores. Para exterminá-los, você precisa acertar a cabeça, ou simplesmente queimá-los. Existem alguns baldes de querosene espalhados pelos cenários – geralmente onde há os baús− que você pode utilizar, com a ajuda de um potinho pequeno, no processo de incineração. Depois, extermine o zumbi e assim que ele tiver debilitado lance querosene e queime-o com isqueiro. Infelizmente, essa mecânica tardia não é tão eficiente como parece.

1.3 Gráficos

A Nintendo fez um show de bola ao suportar a imensidão gráfica do Remake. Embora o Game Cube não tenha sido muito difundido no Brasil, exportar o game para outras plataformas seria uma atitude bastante acirrada. Manter o Remake no Cube foi uma ideia legal, já que o título, além de ser um dos ícones mais importantes do console, talvez não fosse a mesma coisa em consoles daquela geração.
Os gráficos são muito bem feitos, polidos e com detalhes exorbitantes. É muito bonito de se ver e jogar o Resident Evil Remake, pois somente de observar nossos personagens prediletos em condições gráficas bem melhores do que a do primeiro Resident Evil já é o suficiente para enlouquecer qualquer fã.

Pontos Negativos

2. Mecânica



É impossível não questionar a tardia utilização do querosene e do isqueiro. A mecânica presente em sua utilização é muito ruim. Além de precisar carregar o pote de querosene e um isqueiro – algo que já ocupa dois slots no inventário −, é necessário eliminar o morto-vivo antes, gastando mais coisa ainda – isso quando o morto-vivo já não é um Crimson Head. Não é reclamar da dificuldade, até porque é interessante ter mais um desafio a ser enfrentado. O problema consiste em que por ser tão dificultado a sua utilização, muitos jogadores preferem guardá-los no baú a não pagar o preço de consumir dois slots no inventário.


Considerações finais

Poderíamos tecer muito mais do que isso. O Resident Evil Remake é, verdadeiramente, um jogo para ser discutido. Dentre os diversos trabalhos feitos pela CAPCOM, esse merece aplausos. Aspirantes da Mansão Spencer não devem deixar de conferir esse jogo que deveria ser jogado por todos. É uma pena que o game não é tão bem conhecido como outros da franquia. Se você algum dia puder jogá-lo, não hesite. É uma oportunidade única e, certamente, rara.